segunda-feira, 28 de maio de 2012

Best thing I never had

Todos me avisaram desde o início que não poderia dar certo e eu sempre soube também. Mas eu tinha que me permitir sentir paixão novamente. Por alguém ou por alguma coisa. Saber que ainda era capaz de comportar esse sentimento dentro de mim. E assim foi concebido o desejo. As coisas, como sempre, foram ótimas no início e eu fui me apaixonando cada dia mais. Havias dias que o medo da perda era tão grande que eu até ficava triste.

Nunca foi fácil, eu assumo. Moramos um pouco distantes um do outro. Ele é da marinha, tem um emprego estável e costuma fazer muitas viagens. As quais, no início, eu nem me importava tanto. A saudade sempre alimentou tudo o que sentimos um pelo outro, mas depois de um tempo, não sei exatamente como, eu o comecei a sentir diferente. As viagens se tornavam cada vez mais longas e o contato era cada vez menor. Coisa que no início ele lutava para tentar extinguir.

Uma vez, em uma viagem para Santos, eu senti algo diferente dentro de mim. Senti que as coisas não seriam iguais quando ele voltasse. Senti que as coisas não teriam mais sentido, pois eu já estava cansado de tanto abandono e descaso. E assim foi. Ainda durante a viagem eu entrei no facebook para saber notícias e vi que o status de relacionamento já estava mudado. Não aparecia solteiro e tão pouco namorando, mas ainda assim não estava lá.

Quando ele voltou de viagem, dizia estar doente. Mas não perdeu a noite de farra ao lado dos amigos. O resultado disso foi uma noite de febre forte na qual eu tive que cuidar dele... A primeira coisa que fiz quando o dia amanheceu foi ir à farmácia para comprar remédios, pois estávamos na casa de amigos recém mudados e quase não havia nada lá. Principalmente remédios e itens de primeiros socorros.

Quando voltei da farmácia, ele já se sentia um pouco melhor, então evitei acordá-lo para dar o remédio. Esperaria até que ele acordasse e enquanto isso peguei seu celular para me distrair um pouco. Então foi quando eu errei pelo pecado da curiosidade. Depois de jogar Angry Birds me senti inclinado a ler suas mensagens de texto e assim o fiz. Foi com esse pesar que descobri a traição.

Eu chorei no sofá. Não sabia o que fazer nem tinha noção do que estava sentindo. Meu corpo entorpeceu e no primeiro momento a única reação que tive foi suprimir o que estava acontecendo dentro de mim. Tentei fingir que não havia lido nada e talvez assim pudéssemos continuar juntos. Sou desses que sinto medo da perda. É uma coisa com a qual ainda não aprendi a lidar até hoje.

Naquele dia o tratei como se nada tivesse acontecido. Mas ele sentiu que eu estava diferente e eu também senti que ele estava. Os dias se passaram sem trocarmos notícias e então mais uma viagem surgiu, porém mais curta dessa vez. Enquanto isso questionei aos meus amigos como eles procederiam caso acontecesse alguma coisa desse tipo. Todos os tipos de respostas vieram até mim, mas nenhuma dela, na verdade, se adequou ao que eu pensava e ao que eu sempre julguei certo.

Decidido a por um fim em tudo quando ele voltasse de viagem, comecei a curtir minha vida como solteiro, sem fazer nada do que eu pudesse me arrepender depois. Mas ele não entrou em contato quando voltou. Nem no primeiro dia, nem no segundo... Depois de uma semana recebi uma mensagem dizendo que não sabia o que estava acontecendo com ele e que precisávamos conversar, mas que estava indo viajar e só poderíamos nos falar quando ele voltasse.

Eu sabia o que tinha que fazer, só não sabia como fazê-lo, uma vez que ainda gostava dele. Sabia que meu cérebro pensava de uma forma, mas ele ainda agia contra vontade do meu coração. Como dizer adeus a tantos bons sentimentos. A tantas recordações maravilhosas... Mas foi aí que eu percebi. Tudo foi bom enquanto durou. Enquanto houve sentimento e tudo estava bem. Só porque não durou muito, não significa que não tenha dado certo.

Ele foi meu primeiro em muitas coisas. Ele me deu coisas que nenhum namorado nunca me deu. Proporcionou-me um crescimento maravilhoso em um curto espaço de tempo. Fez com que eu conquistasse até um espaço que eu almejava perante minha família há anos. Não poderia ficar triste quando tivesse que fazê-lo. Deixaria livre com orgulho e com felicidade de saber que o que tivemos foi único, especial e incrível. Havia chegado a hora.

Em um final de semana fui para The Week comemorar o aniversário de um amigo. Sabia que João já havia voltado de viagem e não me procurara novamente. Ignorando esse fato fui curtir minha noite, acompanhado dos meus amigos e livre de culpa. Foi quando o encontrei. Não consegui encará-lo. Não consegui falar... Simplesmente me virei e fui em outra direção deixando-o lá com um de seus amigos.

Toda vez que nos esbarrávamos ele fingia que não me via e isso me consumia por dentro. Por saber que ele realmente não se importava e não tomava uma atitude digna. Foi quando eu pensei: “Realmente acabou. E já que ele não está me vendo aqui então posso fazer o que eu bem entender e curtir minha noite em paz”. Foi quando passou por mim um loirinho maravilhoso me dando mole. E obviamente não pensei duas vezes antes de agarrá-lo e beijá-lo.

Assim terminamos. Não nos falamos muito depois disso. A única vez que nos encontramos, não tocamos no assunto porque ele estava bêbado e eu atrasado para o trabalho. Senti ainda aquela coisa no estômago, mas sei que está morrendo pouco a pouco. Queria que tivéssemos continuado como amigos, como sou do Edward até hoje. Mas nem tudo sai como planejamos... Nem sempre é possível jogar limpo.

Ontem minha uma amiga que não vejo há muito tempo me perguntou se eu tinha novidades e eu respondi que não. Que não havia nada de relevante. E então ela disse que a vida estava tão chata assim que não tinha nenhum bafão para contar? E eu olhei bem pros últimos seis meses e com agrado eu respondi: “Graças a Deus não!” Nunca fiquei tão feliz em perceber que estava tudo em paz comigo. Que não havia problemas, conflitos e quaisquer outras coisas para me perturbar.

Um comentário:

FOXX disse...

own, qrido, eu deixo meu abraço pra vc... vc não merece isso de verdade.